Relendo materiais do meu curso de mestrado*, deparei com um artigo sobre o ambiente brasileiro de negócios. Ao ler o 1º parágrafo verifiquei que mesmo passados muitos anos, com evoluções significativas em termos de tecnologia, gestão, governança e fortalecimento das instituições, ainda enfrentamos os mesmos problemas. Constata Eugenia Fayad da FpM.
Vejam um trecho:
"O ambiente brasileiro de negócios se caracteriza pela existência de cenários dinâmicos e muitas vezes imprevisíveis. A grande influência do governo em diversos setores da economia, como agente econômico e produtivo, interfere nas leis de mercado, afetando a oferta e demanda com regulações excessivas e subsídios especiais a determinados setores, que impactam o déficit público. As estatais, na sua maior parte geram prejuízos e são utilizadas como barganha política através da concessão de cargos com altos salários, sem que haja contrapartida em resultados e produtividade. A máquina pública inchada contribui para o aumento do déficit público, financiado pela emissão de moeda e de títulos.”
Muita coisa mudou desde os anos 90, o país melhorou muito. A inflação foi controlada, temos um sistema financeiro forte, muito bem estruturado, órgãos e leis reguladores do mercado de capitais foram criados e oferecem segurança aos investidores institucionais e individuais, sejam eles brasileiros ou estrangeiros. Também as empresas se aperfeiçoaram e muitas têm padrão internacional de operação e governança.
Por outro lado, a carga tributária aumentou muito sem que tenha havido contrapartida proporcional à sociedade: serviços básicos de segurança, saúde e infraestrutura ainda deixam muito a desejar, causando enorme desgaste na população. Sem falar no custo para se cumprir todas as obrigações tributárias, uma das mais complexas do mundo. Impostos federais, estaduais e municipais, geram necessidade de estruturas de pessoal e de sistema sofisticadas, especialmente para as empresas que atuam em várias localidades. Ainda temos que vencer esta barreira, que é um desestímulo ao investimento privado retardando a recuperação do emprego.
O déficit público continua sendo um problema crítico, uma vez que a maior parte do orçamento é contingenciada, especialmente para cobrir salários e a previdência. Os recursos que sobram não são suficientes para proporcionar bem estar à população. Investimentos em infraestrutura, em especial saneamento básico e transporte são adiados ou mal executados, gerando obras desnecessárias e inacabadas, decididas politicamente e não tecnicamente.
A educação é outro desafio: apesar do governo aplicar um grande percentual do PIB neste setor, não vemos o retorno na qualidade do ensino, causando um gap na formação de mão de obra, que impacta o setor produtivo e a empregabilidade. O mundo já está na 4ª Revolução Industrial, onde a integração do homem com a tecnologia é total e já faz parte do dia a dia das pessoas e das empresas. Será que estamos preparados para competir e crescer?
Enfim, poderíamos ainda falar sobre saúde e tantos outros desafios, mas fica a reflexão sobre o futuro do Brasil, tão rico em recursos naturais, com um setor agrícola que se destaca no mundo por sua eficiência, com um setor privado disposto a investir e uma população criativa e com grande potencial de aprendizado e crescimento. O mais importante nós temos!
* Eugenia e Stefanie da FpM se formaram juntas em engenharia civil na UFRJ, fizeram mestrado em administração (Msc) na Coppead-UFRJ com diferença de dois anos, ambas se especializaram em finanças corporativas e controladoria.
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Fonte da imagem: Economia Brasileira
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