por Vera Lucia do Carmo Silva para FpM.
Inflação é um dos conceitos econômicos mais populares e que provocam arrepios na população brasileira, em especial, naqueles que, como eu, presenciaram índices mensais próximos a 80%, na década de 1980. No entanto, a inflação nada mais é do que um processo de elevação generalizada e contínua do nível de preços numa Economia qualquer.
Os índices de inflação apenas objetivam, como um termômetro, medir e demonstrar o comportamento desse nível geral de preços. No Brasil, há diversos índices que refletem essas alterações no nível de preços: INPC, IPC, IPCA, IGP-M, IGP-DI. Sendo que o IPCA, calculado pelo IBGE, é o índice utilizado pelo Banco Central do Brasil para gerenciar o regime de metas de inflação.
Mas o que provoca a inflação? De acordo com a teoria econômica, três situações podem provocar uma elevação nos preços:
Um excesso de demanda, ou seja, quando a atividade econômica volta a crescer, a população volta a consumir, mas como a oferta, ou melhor, a produção demora um pouco a se ajustar a essa nova procura, os preços se elevam;
Um choque de oferta, que pode ocorrer por problemas climáticos, como uma seca ou enchente que prejudicam a oferta de alimentos, provocando um aumento nos preços;
Um aumento nos custos que são repassados aos preços dos produtos e serviços finais. Por exemplo, o reajuste de salários, aumento de impostos e das taxas de juros, a desvalorização cambial (que eleva os preços dos insumos importados), a elevação nos preços dos combustíveis, etc.
Há um outro fenômeno que ocorre quando uma economia que experimenta altos índices de inflação por um período prolongado manifesta e, denominamos de inflação inercial. Nesse caso, verificamos uma mudança na forma de pensar, nos hábitos e na conduta das empresas e dos indivíduos.
Os agentes econômicos mantêm uma memória inflacionária que faz com que eles procedam uma correção contínua de preços e contratos por índices de inflação passados, ou por expectativas inflacionárias futuras. Essa prática designamos como indexação.
Como a inflação representa uma perda no poder de compra da moeda, a indexação é utilizada para evitar ou minimizar essas perdas. Em geral, os empresários utilizam um dos índices inflacionários citados para fazer a correção dos preços e do valor dos contratos. O problema da indexação é que ela torna a inflação rígida, ou seja, mesmo adotando medidas de estabilização para controle ou redução dos preços que afetem a oferta ou a demanda, a inflação não baixa.
Quais são os seus efeitos sobre a Economia? Num sistema econômico de mercado, os preços são determinantes para as decisões de produção e consumo. Então, num processo de aceleração inflacionária, produtores e consumidores perdem a referência.
A inflação, como já citado, provoca a perda do poder de compra da moeda, fazendo com que os agentes econômicos busquem outros ativos financeiros que assumam as funções básicas da moeda: meio de troca, unidade de conta e reserva de valor.
Como os assalariados têm dificuldade de reajustar os seus rendimentos num cenário de inflação elevada, eles sofrem com a redução do seu poder aquisitivo. Nesse caso, também ocorre uma transferência de renda das classes sociais que possuem uma renda menor para a classe produtiva, através da elevação nos preços dos bens consumidos pelos primeiros.
A inflação elevada faz com que os investidores, evitando futuras perdas reais, prefiram aplicações financeiras de curto prazo. O mesmo pode ser observado com investimentos em projetos produtivos, que são preteridos, dado a sua longa maturação, por essas aplicações de curto prazo.
O governo também perde com a inflação, uma vez que há uma defasagem temporal entre a data dos seus desembolsos e da arrecadação e, a correção contínua da alíquota dos impostos irá impactar no nível dos preços.
Concluindo, o combate à inflação é feito através da adoção de medidas de política monetária e fiscal contracionista, respectivamente, o aumento da taxa de juros combinada com uma redução no crédito e, uma redução nos gastos do governo. Lembrando que, alguns economistas defendem que, um excesso de gastos públicos, um desequilíbrio orçamentário, geraria inflação.
Fonte da Imagem: Inflação. Perda do Valor de Compra
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