Custo de Capital em Empresas Fechadas e de Menor Porte
- Ness Consultoria

- 4 de set.
- 4 min de leitura
Atualizado: 6 de set.
O custo de capital é uma métrica importante na gestão e avaliação financeira dos projetos de qualquer empresa, independentemente do porte.
Ele representa o retorno mínimo esperado para atrair capital para um investimento, podendo ser interno, como a compra de um equipamento, ou externo, como aquisição de uma empresa.
Em outras palavras, é a taxa de retorno que deixa o acionista indiferente à aceitação de um projeto.
Componentes do Custo de capital de uma Empresa: Próprio e TerceirosCusto de Capital Próprio (Re – return equity ou Ke)
Indica o retorno esperado pelos sócios ou acionistas por investirem na empresa. Como eles assumem um risco maior (são os últimos a serem pagos em caso de falência), esse custo é geralmente mais elevado que o capital de terceiros. Sendo um dos assuntos mais polêmicos nos meios acadêmicos e empresariais.
Custo de Capital de Terceiros (Rd - return debt ou Kd)
Representa o custo da dívida da empresa, como empréstimos bancários ou financiamentos. Ele é calculado com base na taxa de juros paga sobre essa dívida, ajustada pelo benefício fiscal dos juros (os juros são despesas dedutíveis no cálculo do imposto de renda).
Conhecido os dois valores, custo total de capital é calculado através do modelo Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC), do inglês WACC (Weighted Average Cost of Capital).
Onde encontrar os dados para calcular o Custo de Capital?
Em empresas de capital aberto, cujas ações são negociadas em bolsa, existem dados de mercado disponíveis.
No entanto, para empresas fechadas e de menor porte, o desafio é maior. A principal dificuldade se encontra na ausência de dados de mercado publicamente disponíveis, exigindo adaptações. O desafio não é apenas encontrar os dados, mas entender as limitações e as nuances do mercado. 
Custo de Capital Próprio: Modelo CAPM
O custo de capital próprio (Re) é dos assuntos mais polêmicos nos meios acadêmicos e empresariais, sendo um grande desafio, principalmente para empresas fechadas. A solução mais aceita e utilizada é adaptar o Capital Asset Pricing Model (CAPM), em português, Modelo de Precificação de Ativos Financeiros.
O CAPM estabelece que o retorno esperado de um ativo é uma função linear de três variáveis: (1) taxa livre de risco, (2) prêmio de risco do mercado e (3) risco sistemático do ativo (beta).
Re = Rf + β ∗ (Rm−Rf)
Onde
(+) Rf (Taxa livre de risco)= valor de mercado(participação) do capital próprio.
(+) β (Beta) = Risco sistemático da empresa
(x) (Rm-Rf) = Premio de risco de mercadoTaxa Livre de Risco (Rf)
Representa o retorno de um investimento sem risco, se confunde com títulos públicos de longo prazo (10 anos) emitidos pelo governo.
Prêmio de Risco de Mercado (Rm−Rf)
É o retorno adicional que os investidores exigem para investir em ações de forma geral, em vez de um ativo livre de risco (Rf).
Beta β
É a medida do risco sistemático da empresa, ou seja, a volatilidade da empresa em relação ao mercado. Afeta a maioria dos ativos. Por sua vez, o risco não sistemático é aquele que pode ser minimizado com diversificação, pois afeta apenas algumas empresas.
Como não há um beta público para empresas fechadas, a prática comum é usar o beta de empresas comparáveis de empresas de capital aberto e atuam no mesmo setor.
Existem outros riscos que podem ser incorporados no conceito, por exemplo:
Prêmio de Risco Específico para Empresas Fechadas e de Menor Porte
É uma sofisticação do modelo. Esse ajuste compensa a falta de liquidez (dificuldade de comprar ou vender ações) e o maior risco de concentração (já que o capital de uma empresa pequena não é diversificado como o de uma grande corporação). No Brasil avaliadores usam um prêmio no intervalo de 3 a 6% para empresas de médio porte.
Beta Desalavancado
Ajuste relacionado a estrutura de capital da empresa. Isola o impacto do endividadamente na estrutura de capital. É possível encontrar dados no site da Econometrica.
Risco Soberano
Prêmio pelo risco do país que seria o objeto da avaliação. Dados podem ser obtidos no Damodaram online.

(2) Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC)
CMPC é a média ponderada do custo do capital próprio e do custo da dívida, utilizando a proporção de cada um na estrutura de capital da empresa.
CMPC = (E/V)∗ Re + (D/V) ∗ Rd ∗ (1−T)
Onde
E = valor de mercado (ou participação) do capital próprio.
D = valor de mercado (ou participação) da dívida.
V = valor total da empresa = E + D = 100%.
Re = custo do capital próprio (ver modelo CAPM).
Rd = custo da dívida.
T = alíquota do imposto de renda e contribuição social.A fórmula reflete o custo total que a empresa tem para financiar suas operações e investimentos, levando em conta a participação (peso) das fontes de capital e o impacto dos impostos.
O cálculo do custo de capital próprio (Ke) para empresas de capital fechado e/ou menor porte no Brasil é um desafio prático devido pouca disponibilidade de dados de mercado confiáveis para o cálculo do Beta (risco sistemático), somados a instabilidade da economia e taxas de juros de referência altas (Selic e CDI).
O CMPC, como métrica final, depende da estimação do Ke, que é a parte mais complexa da equação.
Fonte das Imagens: Freepik





Comentários